sexta-feira, 10 de outubro de 2014

ESTADO INVOLUNTÁRIO





ISIS NOBEL CÃO
É    BOLA
APOIA    A     POIA
SACODE     A    BUNDA
LAMBE    NO     MAÇO
AL     COME     FACE     VIA
VERDE    DOMURAL
NEM    DÊSCARNE
A    OSSIVILIZAÇÃO
CAIM    CAIM
NO   BAR   BARBIE
MANÓ   NUM    MÓ
XIRIBIRIBARÁBÊRÉ
MÊ   CÚ    MÊ     CÚ
TÓ TÓ TÓ    PÁ PÁ PÁ
PÓ PÓ PÓ   CÓCÓ É CÓCÓ
AH!!!!!!!!     H
NÃO ARREGA MANHA
CAR CÁS BA UNSA
NA SANHA NÃ MONHA
E S'MONA NÃ LISA
MASCAPOU-LHE A FRASEFEITO
AO D CUIDADO DA D BOSTA
NA NÁUSEA NEXTERIOR



sexta-feira, 26 de setembro de 2014

bita-bita-bita-biiita toma





Isto, ninguém tem mais nem menos do que aquilo que merece. A malta fala, fala, mas quando a coisa aperta enfia a vozinha entre as nalgas e lá segue c’a sua vidinha. Ai os dirigentes são uns filhos-da-puta? Ai os governantes são uns pantomineiros, uns palhaços, com o mesmo nível de intelecto que uma alface? Ai é? Chupa e embrulha, leva p’a casa e dá-lhe de comer. Vai ver novelas e big brothers e debates em canais de notícias informativos com políticos de renome. A merda raleira que escorre pelos telejornais desta vida afora entra-te por um ouvido, ensaboa-te os neurónios à liberdade de expressão, e sai-te pelo outro, sem dor, e pior, sem nada, nem uma gota de sangue ou de pus. E é isto e isso mesmo que a malta merece: coceguinhas na roupa interior da cidadania, manifestações ordeiras do respartalho democrático, e uma ligeireza muitíssimo tu-tu-guêsa de acatar servilmente as boas notícias: a Miséria Mínima Salutar Nacional (o MMS-N), segundo os diversos parceiros do gangbang, vai aumentar, e este é um momento históico, e deve ser sublinhado, em 20 eu’rus. Segundo o serviço público, vai dar para mais uma bica por dia ou o que é, e poder-se-á comer um pastel de nata a mais em fevereiro que tem menos dias, ou assinar um canal de televisão para poder ver umas séries. 6x3, 18, 9’s foda nada, é fazerem as contas e chegar à conta de cerca de 0,60 eu’rus por dia, que dá para cometer diversas loucuras, enfim é só escolher: bica, pastel de nata em fevereiro ou séries, basicamente. E upa-upa, vozinha enfiada entre as nalgas, que isto com mais cerca de 0,60 eu’rus por dia já ninguém me xeringa. Não restem dúvidas: a malta tem aquilo que merece, e a malta nem o CR7 merece. O CR7 devia ser espanhol ou alemão, como tudo o resto que a tu-tu-lândia teve na vida, como por exemplo o Colombo e/ou o mapa cor-de-rosa ou a galinhola. Isto sim, tu-tu-galo, jardim à beira-mar plantado, nunca fizestes tanto sentido. As putas das vivendas nas falésias, os campos de golfe verdejantes, e esse azul que não é o azul dos poemas nem o azul do mediterrâneo junt’ao azul do atlântico, mas o azul azul que já não se sabe bem o que é mas que tem triziliões de produtos naturais endémicos. YES! AYE! BEWARE NEW COMER: NÃO HÁ UMA PUTA DE UMA TERRA NESTE CABRÃO DESTE PAÍS QUE NÃO TENHA UMA FILHA-DA-PUTA DUMA MERDA QUALQUER COMPLETAMENTE TÍPICA E REGIONAL QUE NÃO SE FAZ EM MA LADE DENHUM! Regionalização está na televisão em vertente de fantasma: a broa d’avintes nem se compara ao folar de olhão. Boa! Fantástico Melga! Exposição do mundo português? E para quando uma dissecação do mundo português? Para quando uma exposição de frascos com ideias e cabeças em formol ao lado dos fetos e das freakalhices no museu da faculdade em coimbra? A propaganda salazarista é que não fazia a puta da ideia do que é que são 6 horas a encher chouriços em directo aos domingos à tarde no inverno, a fazer milagres para dar à malta o que malta merece, e aí sim é que se via, de uma vez por todas, que o 25 de Abril é exactamente aquilo que é: 6 dias antes do 1 de Maio, aquela data que comemora o trabalhador. VIVA! VIVA! VIVA O TRABALHADOR! VIVA O TRABALHADOR E O SEU AUMENTO DE CERCA DE 0,60 EU’RUS POR DIA! VIVA! VIVA! O trabalhador tem aquilo que merece: o seu patrão. O patrão tem aquilo que merece: o seu trabalhador. Há muitas mamas e cus que têm exactamente o silicone que merecem. O mundo não é um lugar perfeito? Deixei de ser parvos: nem os colhões do cura, ainda por estrear e tude.

sábado, 31 de maio de 2014

diário de bordo

não há mais nada para dizer
já nem o cuspo cola
a areia resume-se ao incontável

e que sobra dessas horas de voragem?
onde é que está o mar que pensámos prometido?
que barqueiro virá? que moedas lhe daremos?

queremos dar a volta subir passar para outro lado
agarrar a besta de novo e novamente
queremos inventar um pó que nos suje outra vez as mãos
como sempre

que faremos agora que encostamos a faca
à garganta de todos os monstros sagrados
e nada mais resta além da pornografia

que faremos com este calor
de onde nada nos salva
e todos os cães são de guia

que faremos amanhã quando rebentarmos de prazer
quantas interrogações ficaram por pontuar
e que pontuações nunca interrogaremos

podemos falar de casas e de paisagens
da solidão que vive dentro dos objectos ordinários da vida
branquear a memória sem levantar suspeitas
crivar toneladas de literatura
e depois disso
que podemos
nós?


***


uma corrente sem direcção
um acontecimento sem acontecer
um nome sem uma coisa para lhe dar
um significado sem significar

um narciso sem reflectir
um panteão por adorar
uma celebração sem vinho
histórias que ninguém vai lembrar

um amor pouco dado
uma flecha nunca disparada
uma jóia muito trabalhada
enterrada no túmulo de um qualquer rei

uma alegria que não causa alvoroço
vai guardada na profundidade de um bolso
uma tristeza que faz meio mundo chorar
plantada no sono de quem se recusa dormir

e não tem fim


***


o peixe da minha vida

podemos sempre ir mais fundo
atravessar todas as coisas que não se julguem nossas
podemos continuar a tocar todas as manhãs
como se a música nunca tivesse acabado

podemos dançar
entregar tudo ao livre movimento
nunca impedir que a água corra
por onde a água tiver que correr

podemos flutuar
deixar que o corpo se levante
e deixar
simplesmente
que a coreografia aconteça

desse sonho tão querido tão desejado
enfim nos libertemos da lei da gravidade
e apenas ser
toda a virtude que é amar

GIOVANNI DROGO (NO DESERTO DOS TÁRTAROS)

dizem que a madeira dos telhados
estala sempre na primavera
porque as árvores não sabem o que é morrer

ainda agora escutei
raízes que nunca serão


***

o deserto é um lugar desgostoso
um homem chega e quer partir
mas perante um espaço tão imenso
só consegue deixar-se ficar


***

toda a vida aprendemos a guerra
esperamos por ela sem ela mudar
enquanto mudamos sem disparar uma bala

quando já não servimos para nada
a guerra acontece

então lembramo-nos das árvores
do gotejar perturbante da água

a luz cega
e o coração deixa de estalar

PRÉMIO PIXOTO



sexta-feira, 30 de maio de 2014

EXPOSIÇÃO DO MUNDO PORTUGUÊS VERSÃO PÓS-IDEOLÓGICA



ANDA AQUI UM HOMEM EM BUSCA DE SARCASMOS E IRONIAS, E ACABA O DIA EM EXTREMA PENITÊNCIA, ABSOLUTAMENTE RENDIDO, A LANÇAR TODA UMA OBRA À FOGUEIRA.

LONG LIVE THE REICH!

quinta-feira, 22 de maio de 2014

MY SELFIE ARRUADA

O "HORAS DE MATAR" SÃO O "VOTEMAN" AO CONTRÁRIO




O "VOTEMAN" É DO PAÍS MAIS FELIZ DO MUNDO E O "HORAS DE MATAR" É DOS MÃO MORTA


ARMAS? COCA? FRANKFURTER?


É BEBER E CAGAR FININHO.

O ESTADO SOCIAL É O ÁLCOOL.




VAMOS SER MELHOR DO QUE FALECER.


HÁ MUITA BOA GENTE A PRECISAR DE HOMENAGEM.

IREMOS ALÉM DO PILAR DA PONTE DO TÉDIO.


segunda-feira, 19 de maio de 2014

BABE, I'M ON FIRE

"Babe, I'm On Fire" lyrics

NICK CAVE & THE BAD SEEDS LYRICS

Send "Babe, I'm On Fire" Ringtone to your Mobile
"Babe, I'm On Fire"

Father says it, mother says it
Sister says it, brother says it
Uncle says it, Auntie says it
Everyone at the party says
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The horse says it, the pig says it
The judge in his wig says it
The fox and the rabbit 
And the nun in her habit says
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

My mate Bill Gates says it
The President of the United States says it
The slacker and the worker
The girl in her burqa says
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The general with his tank says it
The man at the bank says it
The soldier with his rocket
And the mouse in my pocket says
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The drug-addled wreck
With a needle in his neck says it
The drunk says it, punk says it
The brave Buddhist monk says
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

Hit me up, baby, and knock me down
Drop what you're doing and come around
We can hold hands till the sun goes down
Cause I know
That you 
And I
Can be
Together
Cause I love you 

The blind referee says it
The unlucky amputee says it
The giant killer bee 
Landing on my knee says
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The cop with his breathalyser
The paddy with his fertiliser
The man in the basement
That's getting a taste for it says
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The fucked-up Rastafarian says it
The dribbling libertarian says it
The sweet little Goth
With the ears of cloth says 
Babe, I'm on fire
Babe' I'm on fire

The cross-over country singer says it
The hump-backed bell ringer says it
The swinger, the flinger
The outraged right-winger says
Babe, I'm on fire 
Babe, I'm on fire

The man going hiking says it
The misunderstood Viking says it
The man at the rodeo
And the lonely old Eskimo says 
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

[Chorus]

The mild little Christian says it
The wild Sonny Liston says it
The pimp and the gimp
And the guy with the limp says
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The blind piano tuner says it
The Las Vegas crooner says it
The hooligan mooner
Holding a schooner says 
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The Chinese contortionist says it
The backyard abortionist says it
The poor Pakistani
With his lamb Bhirriani says
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The hopeless defendant says it
The toilet attendant says it
The pornographer, the stenographer
The fashion photographer says
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The college professor says it
The vicious cross-dresser says it
Grandma and Grandpa
In the back of the car says
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

[Chorus]

The hack at the doorstep says it
The midwife with her forceps says it
The demented young lady
Who is roasting her baby
On the fire
Babe, I'm on fire

The athlete with his hernia says it
Picasso with his Guernica says it
My wife with her furniture 
Everybody!
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The laughing hyena says it
The homesick polish cleaner says it
The man from the Klan 
With a torch in his hand says 
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The Chinese herbologist says it
The Christian apologist says it
The dog and the frog
Sitting on a log says 
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The foxhunting toff says it
The horrible moth says it
The doomed homosexual
With the persistent cough says 
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

[Chorus]

The Papist with his soul says it
The rapist on a roll says it
Jack says it, Jill says it
As they roll down the hill
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The clever circus flea says it
The sailor on the sea says it
The man from the Daily Mail
With his dead refugee says 
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The hymen-busting Zulu says it
The proud kangaroo says it
The koala, the echidna
And the platypus too says 
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The disgraced country vicar says it
The crazed guitar picker says it
The beatnik, the peacenik
The apparachick says 
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The deranged midnight stalker says it
Garcia Lorca says it
The hit man, Walt Whitman
And the haliototic talker says
Babe, I'm on fire 
Babe, I'm on fire

[Chorus]

The wine taster with his nose says it
The fireman with his hose says it
The pedestrian, the equestrian
The tap-dancer with his toes says
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The beast in the beauty pageant 
The pimply real estate agent 
The beach-comber, the roamer
The girl in a coma says
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The old rock'n'roller
With his two-seater stroller 
And the fan in the van
With the abominable plan says
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The menstruating Jewess says it
The nervous stewardess says it
The hijacker, the backpacker
The cunning safecracker says 
Babe, I'm on fire 
Babe, I'm on fire

The sports commentator says it
The old alligator says it
The tennis pro with his racquet
The loon in the straight jacket
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

[Chorus]

The butcher with his cleaver says it
The mad basket weaver says it
The jaded boxing writer
And the glass-jawed fighter says 
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The old town cryer says it
The inveterate liar says it
The pilchard, the bream 
And the trout in the stream 
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The war correspondent says it
The enthused and the despondent says it
The electrician, the mortician
And the man going fishin' says
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The cattleman from Down Under says it
The patriot with his plunder says it
Watching a boat of full of refugees
Sinking into the sea
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The silicone junky says it
The corporate flunky says it
The Italian designer
With his rickshaw in China says
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

[Chorus]

The trucker with his juggernaut says it
The lost astronaut says it
The share cropper, the bent copper
The compulsive shopper says
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

The Viennese vampire says it
The cowboy round his campfire says it
The game show panellist
The Jungian analyst says 
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire

Warren says it, Blixa says it
The lighting guy and mixer says it
Mick says it, Marty says it
Everyone at the party says 
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on Fire

The hairy arachnophobic says it
The scary agoraphobic says it
The mother, the brother
And the decomposing lover says
Babe, I'm on fire
Babe, I'm on fire 

[Chorus]

quinta-feira, 24 de abril de 2014

POEMA COMEMORATIVO DOS 40 ANOS DO 25 DE ABRIL

                               






dedicado ao José Mário Branco, dedicado aos que nunca se renderam e que nunca se renderão




já gastaram um balúrdio em cravos
enfeitaram tudo muito bem enfeitado
e porque somos um país de muitos e bons costumes
os do costume vão proferir os discursos do costume
e como de costume depois dos aplausos
as femmes de ménage vão bater com toda essa merda no lixo

vivemos tempos de uma estranha obediência
consensos são forjados atrás de consensos
as palavras estão vazias as palavras não valem nada
as palavras estão em vias de reformulação
na boca dos burgessos dos partidos do soutien
uma mama para esquerda uma mama para direita
fartam‑se todos de mamar da grande teta europeia
do não sei quê de progresso de cabrões de vidouros
que vão de braço dado com a divindade do mercado
e o povo de pão e vinho sobre a mesa
em grande marcha até que a miséria lhe doa
celebrará as vitórias sobre as agências de ratting
nesse grande regresso à pátria tão amada

vivemos tempos obscuros
emprenhados de ruído televisão e misticismo
vamos vivendo à distância da vida
porque acreditamos que há um “eles” e um “nós”
e acreditar nisso é acreditar que somos incapacitados
é valorizar a hierarquia como fórmula da sociedade
é aceitar que existe o céu e o inferno
e que só alguns poderão aceder à terra prometida
e assim carneiros sacrificados no altar de qualquer dinheiro
nosso sangue vai enchendo as ruas das cidades
como as areias enchem o vazio dos desertos

eu pecador me confesso
eu não vivi acima das minhas possibilidades

democracia mais salazarismo dá cerca de um século de modorra
sem contar com o resto noves fora nada
não estamos assim tão atrasados em relação á europa
antes pelo contrário vamos à proa vamos pela proa
vamos atados à proa mamando a espuma de todos os dias
esta escória de marcelos e fátinhas de cavacos embalsamados
coelhos carecas portas pirosos seguros para a próxima vida

fogem que se fartam os cérebros para o estrangeiro
mas os carniceiros cheios de soluções não largam o osso
porque são muito caridosos e não sabem onde meter
a grandessíssima pena que sentem dos pobres

porra que filho‑de‑puta que eu sou que não vejo que estou melhor
acordo todos os dias e sinto‑me muito melhor
as florzinhas estão todas cheias de cores muito melhores
estamos aqui numa grande festa do melhor
até camões achou o olho e vê muito melhor
devíamos criar um dicionário um inventário
um programa de televisão um sindicato
onde pudéssemos declamar livremente todas as coisas melhores
que fazem do país um país muito melhor
um 25 um 28 um 605 forte
que nos saia abruptamente sem políticas sem merdas
sem necessidade de confrontar o mais mísero pintelho
da nossa enorme comichão e poder dormir enfim
num jardim num mosteiro num monumento
onde milhares de turistas curiosos poderão fotografar
nós somos portugueses
nós somos o melhor povo do mundo

somos todos uns devassos duns empreendedores
uns entra e sai da sociedade anónima lusitana
tratamos todos o calão da alta finança por tu
há-de vir cá o macdonald’s mostrar o que é vender merda como diamantes
não é qualquer bifana que nos ensina o que é que é ser tenro e saudável
viva a dieta mediterrânica especialmente no cu
é preciso ser‑se qualquer coisa de excepcional em berlim
para aceitar qualquer merda que vos esfreguem nas ventas

portugal país onde o futuro é sempre hoje

a verga do poder quer‑me pôr no lugar
quer que eu ache que estou onde devo estar
quer que existam sempre uns degraus a separar-me do parlamento
degraus que nunca hão‑de ser subidos
um inconseguimento frustracional vazando as arcadas
querem a minha submissão
querem que eu não grite
querem que eu faça sala e cante o hino
enquanto marcha a parada militar
querem que eu não tenha nada a ver com isto
querem que eu vá ao fundo
e lhes faça adeus quando passam de submarino

não não Não
NÃO!
da minha parte nunca haverá uma saída limpa
eu não estou aqui para negociar porra nenhuma
eu quero lá saber das concertações
aquilo que é partido só tem lugar no lixo
eu quero lá saber dos salários mínimos e das horas extra de trabalho
eu quero lá saber da puta das reivindicações que vos foda
dos tambores de lavacolhos do fato–macaco da lisnave
desse azul a que nunca havemos de chegar
eu quero lá saber que coelho é que me vai montar
eu quero é dizer que sou homem
que sou agora
tenho medo mas não tenho vergonha

e é assim que me entrego
e é por isso que estou aqui
a enfrentar o meu medo

25 de abril
40 anos
40 anos a abri‑lo é muito tempo

ponham os cravos na lapela e deixem sair as bandas filarmónicas
lancem os foguetes que alguém há‑de ir apanhar as canas
enquanto os mineiros de aljustrel cantam a grândola ao cavaco

embebedem‑se todos depois do adeus
que eu
muito mais vivo do que morto
não tenho nada para comemorar

quarta-feira, 23 de abril de 2014

e traz a troika também

o desespero é a morte dos fracos
dos pobres de espírito
dos esquecidos da história da nação

sombra alarve dos tempos
quando ao pensar o homem mina
os caminhos da união

saber seguir é ser livre
e aceitar o duro sacrifício
porque deus quer
uns homens sonham
e os outros trabalham

terça-feira, 22 de abril de 2014

ai ai ai ai





andamos pr’aqui todos indignados todos revoltados
todos virados ao avesso passamos os dias
a chamar nomes à vida não temos tento na língua
insultamos diariamente os ministros sem perdão
através de um contrato com a televisão

andamos pr’aqui a cuspir sangue da boca
ai a subida do nível do mar e a erosão costeira
ai o papa francisco que veio revolucionar a igreja
ai os biliões de produtos tradicionais que se fazem hoje em portugal
ai os pobres dos costumes com salazar não era assim
isto é só gajas descascadas a lamberem iogurtes
todas muito saudáveis no seu sexy triquini

e depois pronto ai ai ai a autoridade
um gajo chama cabrão a um sacana que é cabrão
e lá se vai a liberdade diluída na expressão em forma de publicidade

temos todos um mural pintamos até fartar
o facebook é a retrete do paradigma social
vazio de vasconcelos faz renda em ponto gigante
à frente do pobre põe-se a miséria em forma de elefante

ai ai ai ai não seja tão radical
se a sua vida é uma merda é para o bem nacional

o menino tem que fazer parte de um grupo e achar a sua espiritualidade
que isso de ser poeta é muito pouco empreendedor
veja lá se não quer ser exportado porque neste país
o que não faltam são poetas que sabem trazer a boca fechada

ai ai ai ai que o peixoto ainda se caga tordo
antes de ser abatido batendo uma pívia ao pai
e o viegas levantado da tumba ainda o manda tomar no cu
e assim o menino nunca levará um 8,5 na escala do silva

ai ai ai ai que isso que vai para aí são demasiadas metáforas
e toda a gente sabe que as metáforas são inimigas da realidade
estávamos aqui tão bem sentados no café a contar as gaivotas
com as nossas tesouras tristes a cortar a prosa interna
e o menino vem para aqui falar assim cheio de pretensões
-zinhas

olhe que é importante controlar os sentimentos
nenhum poeta moderno cai na veleidade do momento
você vive longe do centro e só se queixa da sua infelicidade
deve ter uns resquícios de futurismo agarrados às unhas dos pés
um 61 armado escarafunchando na peruca
deve ter aí um aleixo a dar lhe uma comichão qualquer

ai ai ai ai veja lá se não leva uma palmada na mão
até à sua família as drogas causam confusão
veja lá bem com quem o menino quer discutir
é que nós aqui já somos
e nenhuma égua ficou por cobrir

quarta-feira, 9 de abril de 2014

TRÊS INCURSÕES

(ressaca)

grito na escura humidade
rodopio na estação infernal
está tudo ácido derretido

vergo-me à pressão
na dispersante obscuridade
desta janela infinita

e no vazar do copo
deste fruto destilado
desaparecem-me as pernas

sou qualquer coisa‑metade
de passagem pela grande rua
sem me conseguir apanhar

***

(H.)

dá para matar bastante
uma flecha prateada
apontada à fantasia

os peixes de bicicleta
na lua fazem as mães
chorar muito mais alto

os índios quando cantam
abrem uma porta de fogo
e é por ela que passam

tudo sempre se esvazia
e por refinado que seja
lirismo não mata a fome


***

(adeus)

tenho este mel na boca
estalando a lágrima feliz
eu quero despedir‑me em paz

num tremor para o fim da agonia
o horizonte vai‑me rasgar o peito
já não posso adiar esta emoção

é grande o oceano que me chama
para dentro do calor maternal
que dura a própria essência da vida

eu já não estou eu já fui
na canoa verde dos índios
eu não posso adiar a coração

terça-feira, 1 de abril de 2014

FALAM FALAM FALAM MAS O ACORDO ORTOGRÁFICO JÁ ESTÁ A SER APLICADO NA OUTRA MARGEM DO ATLÂNTICO


UMA ESPÉCIE DE TRANSGÉNICO, MEIO JUDITE, MEIO MARCELO




AS 1001 NOITES DE SEVERA ESCURIDÃO, QUE EM BRASILEIRO FICA MUITO MAIS LEVE E SENSUAL. TESÃO P'Á CARALHO!

quarta-feira, 26 de março de 2014