criam‑se ícones inventam‑se verdades
a vida toda num teatro de vaidades
e a malta assiste do seu pódio material
a vã conquista do estado social
aplaude a música ritmo de pop
chula
alça o alforge que te fica bem ò mula
não há tempo para ser feliz agora
vamos no meio duma crise redentora
na liberdade recusar não é direito
se queres uma vida compra logo tudo feito
este é o momento da grande decisão
escolhe o amor ou liga a televisão
tá tudo escrito no cimento da cidade
só com dinheiro se promove a igualdade
tá tudo dito no poder instituído
democracia calça o capitalismo
olhas p’ró lado com os bolsos a arder
és o trabalho ou o nada p’ra dizer
lá no fundo tudo aquilo que tu crês
é a propaganda do sistema que te fez
não sentes porque não há nada a sentir
é o mercado que te está a consumir
enquanto forjas a tua dura felicidade
és massacrado em nome d’austeridade
tudo à minha volta me diz que estou errado
é da escola à igreja é da família ao estado
tudo à minha volta me quer ver enterrado
e eu quero que se foda o pensamento moderado
não à hipocrisia não à reestruturação
o crime do poder não pode ter perdão
o sistema político tem que ser esmagado
e não é com metáforas que se chega a algum lado
o cínico discurso do circo parlamentar
é a cruel ilusão de quem te quer a ressacar
não importa quem é nem sequer donde vem
essa canalha votada não interessa a ninguém
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