sou um malandro sou
eu que o digo sou
defensor de uma certa preguiça
sem dúvida mau empreendedor
sou carne feita p’ra queimar
disposto que estou a coisas execráveis
ténues são os limites
da minha civilidade
sou o que gosto de pensar que sou
a teimosia irónica que refreia
o asqueroso bafo do poder
sou aquilo que sei que
entre a escória
a vergonha vos há‑de lembrar
***
acredito que as pessoas voam
mas isso é tudo dentro
dos aviões
os gatos passeiam espinhas
o focinho do cão convive
branco felizmente
um pé d’alecrim pegou
uns tomates amadureceram
há coisas que vejo que são
mas outras porra se as há
que nenhum cabrão me convence a comprar
***
“Que queres fazer quando fores
grande ò menino?”
nada
não quero ser nada desde pequenino
há 32 anos que o meu coração bate
é isso que sou
sem parar
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