exorto à primavera
que desponta
na erva fofa
que cobre os prados
escutando
chilrear os pássaros
resmalha-me
um regato na boca
e é por isso
que em ti penso coelho
correndo
para minha toca
dão-te caça
a torto e a direito
mas tu único e verdadeiro
és um coelho
muito esperto
cada palavra
tua uma luz divina
que se
entorna por mim adentro
tens perdido
cabelo
isso que
dizem é só inveja
corre para a
minha toca coelho
que eu
coço-te a careca
***
no longo
frio do inverno
se se assoma
a névoa da incerteza
enxugo as
lágrimas do medo
e prendo ao
quentinho do meu pensamento
os teus
discursos sobre crescimento
és duma
língua empreendedora
esgalhas tão
bem as palavras
quando à
coragem portuguesa teces loas
ardem-me os
peitos quais fagulhas
ergues alto
o mastro da nação
seguem-te
muitos capitães
com a brava
espada na mão
não me
amansa a fera
a pena do
poeta peço-te
do alto da
sofreguidão
coelho
quando possas
refunda-me a
constituição
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