sexta-feira, 1 de março de 2013

aleixo reloaded

Este texto foi escrito em 2010, pouco tempo antes de Faro receber as celebrações oficiais do 10 de Junho. O coelho aqui é outro, mas nem por isso é menos filho-de(ou será da)-puta que o nosso estimado primeiro. Amanhã vou p'rá rua e vou passar factura.


está à frente dos teus olhos
em todos os telejornais
está na dor dos teus trabalhos
nas quarenta horas semanais

pergunta‑te porque são
sempre os mesmos no poder
se eles estão lá só por que estão
ou se é assim que tem de ser?

tu contas os tostões
eles contam os milhões
tu não tens para um sapato
e eles comem fois‑gras de pato

porque é que os grandes bancos
foram salvos de imediato
e o teu salário mínimo
está cada vez mais baixo?

será que a corrupção
é um mal da política
ou faz antes parte
da economia parasita?

repara como eles dançam
entre o governo e as empresas
será só coincidência
ou profunda prepotência?

tu contas os tostões
eles contam os milhões
o que te falta ao fim do mês
é o que eles levam à vez

se quem não deve não teme
porque é que eles andam blindados
em carros de alta cilindrada
que custam tanto dinheiro ao estado?

olha esta corja d’engravatados
que anda pilhando Portugal
senhores muito doutorados
na grande miséria social

tu contas os tostões
eles contam os milhões
o que tu pedes emprestado
é o que eles te têm roubado

agora Faro vai receber
uma parada militar
passados trinta e seis anos
não parece isto Salazar?

roubou o Coelho à cidade
tanto que até foi julgado
mesmo assim saiu em liberdade
só porque é homem honrado

o Correia peitudo já canta
por aqui desde 87
só para mostrar que anda
muito bem na biciclete

tu contas os tostões
eles contam os milhões
a liberdade que te foi dada
é a sua propriedade privada

eles querem tudo só p’ra eles
eles gostam muito de comer
para ti ficam os ossos
vais ter muito que roer

e com o programa polixe
vai ficar tudo muito limpinho
que só pra pôr um pé na água
paga mãe e paga o menino

tu contas os tostões
eles contam os milhões
tua vida inteira na corda bamba
e eles pedem-te confiança

o estádio está já ali
o que foi preciso foi tê‑lo feito
e eu digo já aqui
nem tu nem eu tirou proveito

o bigodinho é que se safou
arranjou logo outro tacho
o que o Allgarve tem de bom
eu cá não vejo nem acho

o teatro é mesmo bonito
trás cá umas grandes peças
então e nós que fazemos aqui
à tantos anos nesta terra?

tu contas os tostões
eles contam os milhões
tu de corda ao pescoço
e eles contentes no baloiço

a mim dói-me o coração
todos os dias quando acordo
porque nunca há‑de ter perdão
a mentira neste mundo

vem p’rá rua põe‑te louco
antes maluco do que sacana
há que partir tudo e não é pouco
na minha vida sou eu quem manda!

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