sábado, 9 de março de 2013

ATÉ QUE SEJAM DESTRUÍDOS


cheiram a pólvora os amplos corredores
as salas com mobília do século dezanove
aqueles átrios de mármore com longas cortinas de fundo
ocultando os emblemas das empresas
atrás dos símbolos nacionais ecoa
o cheiro antigo do sangue

andam bestas à solta que vestem armani
quando falam de sacrifício falam de deus
quando falam da miséria falam de darwin
e o esterco noticiário é um gás mostarda
que me põe a vomitar ao canto da insolvência

o chicote já não estala
temos todos carta de alforria
e seguem homens nas ruas dizendo não aos filhos
e quem ganha é a nestlé que vende muito nestum

peçonha é ao que a vida tresanda
uma montanha de papéis p’ra preencher
onde nos fazem perecer um a um mil a mil
ao frio dos tempos e dos pós modernos

os palácios dos governantes de hoje
são os palácios dos governantes de ontem
e hão-de sempre cheirar a sangue
até que sejam destruídos

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